O Dia Internacional do Trabalhador, celebrado a 1 de Maio, tem raízes fundas na história dos direitos laborais. Muito mais do que um feriado, este dia representa uma memória colectiva de lutas, mas também um alerta: há ainda muito por fazer para garantir condições de trabalho dignas para todos. Chicago, 1886: o início de tudo Corria o ano de 1886 quando milhares de trabalhadores saíram às ruas de Chicago. Reivindicavam algo que hoje nos parece óbvio: uma jornada de trabalho de 8 horas. A greve, inicialmente pacífica, acabou por ser violentamente reprimida. O episódio da Revolta de Haymarket marcou para sempre a luta operária, com mortos, prisões e condenações que abalaram o mundo. Três anos depois, em Paris, durante o Congresso Operário Internacional, foi decidido que o dia 1 de Maio passaria a ser lembrado como o Dia Internacional dos Trabalhadores. Uma homenagem à coragem de quem ousou exigir mais — e melhor. Em Portugal, uma data que também é símbolo O 1.º de Maio começou a ser assinalado em território nacional em 1890. No entanto, durante a ditadura do Estado Novo, as comemorações foram proibidas. Só depois da Revolução dos Cravos, em 1974, é que a data voltou a ser celebrada com liberdade — e com milhares de pessoas nas ruas, a dar corpo à palavra «trabalho». Desde então, o feriado mantém-se como um símbolo da conquista e da resistência, mas também da esperança num futuro mais equilibrado. Entre passado e futuro, o trabalho continua a mudar Hoje, vivemos uma nova revolução. Digitalização, trabalho remoto, inteligência artificial… o mundo laboral está em transformação constante. Mas as questões de base mantêm-se: como garantir que esta evolução não se faz à custa da saúde dos trabalhadores? Como proteger os mais vulneráveis num mercado cada vez mais exigente? Como equilibrar produtividade com bem-estar? Estas perguntas não têm respostas simples — mas exigem ser feitas. Porque celebramos este dia? Celebramos o 1.º de Maio para lembrar que todos os direitos de que hoje usufruímos foram conquistados com esforço. Mas também o celebramos para não esquecermos que há desigualdades, precariedade e más práticas que persistem — e que não podemos aceitar como inevitáveis. O papel das organizações Cabe às empresas e aos líderes reconhecerem que pessoas saudáveis, seguras e respeitadas são a base de qualquer organização de futuro. Promover culturas onde o trabalho é digno, valorizado e equilibrado é mais do que responsabilidade social: é visão estratégica.