Opinião: O impacto da inteligência artificial na gestão de pessoas

Miguel Vergamota, Iberia&Latam Sales Manager da Talentia Software

30 de Março, 2023

Começa a existir uma desmistificação do que é a IA (Inteligência Artificial) e finalmente as pessoas percebem que há utilidade na utilização desta tecnologia. Com os fortes investimentos de Elon Musk e mais recentemente da Microsoft, o assunto generalizou­‑se. Para isso muito contribuiu o ChatGPT, projetado para responder a consultas baseadas em texto e gerar respostas em linguagem natural e que tem estado nas bocas do mundo.

Tem existido algum receio associado ao termo IA, pelo medo de que as máquinas superem os humanos, comecem a pensar por si e se tornassem sencientes, que pensem e sintam como um humano.

A google (através do seu diretor Ray Kurzweil) e a respeitável Universidade de Oxford (Nick Bostrom) acreditaram nesta possibilidade, e chegaram a referir que o momento crítico, nomeado “singularidade tecnológica”, em que a inteligência artificial prevalecerá sobre a inteligência humana, iria ocorrer entre 2045 e 2050.

Estas crenças dos pioneiros da IA, apoiadas por alguns filmes de ficção científica que inundaram o cinema, desde Blade Runner a Matrix, onde as máquinas se tornam autónomas e inimigas dos humanos, ajudaram a criar um ambiente de receio no que toca à IA.

Mas são receios infundados!

O cientista francês Jean-Gabriel Ganascia, professor na Universidade Pierre-et-Marie-Curie, no seu livro de 2017 “O Mito da Singularidade”, com base em opiniões de outros autores citados no livro, constatou que este momento não chegará a ocorrer.

Felizmente, à medida que que componentes de IA vão sendo introduzidas no nosso dia-a-dia, os receios vão desaparecendo e a perceção das potencialidades da IA, consolida-se.

Através da IA, conseguimos hoje que um computador escreva uma ópera e podemos mesmo indicar se queremos ao estilo de Mozart ou de Beethoven. Podemos também pedir-lhe que escreva um poema ou tome uma decisão jurídica. Através da IA, um computador pode fazer tudo isto e na maioria dos casos não conseguimos distinguir se o trabalho foi realizado por um humano ou por uma máquina.

Para se conseguir estes resultados, a IA necessita de usar muitos dados. Sem dados, sem muitos dados, não existe IA. Quantos mais dados forem usados, melhor serão os resultados. E este é precisamente um dos problemas da IA. É que os dados podem estar impregnados de preconceitos, mantendo perspetivas do passado, sem a evolução que o tempo traz a qualquer assunto. Se pensarmos numa decisão jurídica de há 1 século atrás, a perspetiva sobre temas como o papel das mulheres nas sociedades, o racismo ou a homossexualidade, era muito diferente da atualidade.

Também nos processos de RH este problema pode ser encontrado, por exemplo, numa tendência de rejeitar ou escolher determinados candidatos com base nas perspetivas do passado.

É este um dos pontos que merece maior cuidado e observação, sempre que se trabalha com IA. Ainda assim, também os seres humanos têm preconceitos.

Apesar disto, a utilização da IA aplicada à gestão do Talento está cada vez mais presente nas empresas e nas soluções de mercado.

Encontramos a sua ajuda em processos como o recrutamento, o serviço e apoio aos colaboradores ou, por exemplo, na navegação por voz ou conversão da voz em texto.

Um mecanismo de IA pode converter um CV que está em pdf, em informação útil numa base de dados, para que se possa ter uma pré-seleção de candidatos, numa base de dados de milhares. A poupança de tempo neste processo é incrível.

Não apenas a IA pode acelerar os processos, como estando disponível todos os dias a todas as horas, prestar um valioso serviço aos colaboradores de uma empresa. Através de um assistente virtual (chatbot), qualquer colaborador pode pedir documentos (certificado de efetividade ou recibo de salários) ou solicitar informação (saldo de férias ou da bolsa de horas, próximas ações de formação) e ter resposta praticamente em tempo real.

A cada dia que passa, mais e mais elementos de IA, são incorporados nos processos das empresas e a gestão do Talento não é exceção. E não devemos ter receio deste avanço, porque traz imensos benefícios a qualquer empresa, permitindo ganhar eficiência e agilidade nos processos mais burocráticos, assim como tempo para questões mais estratégicas, onde a componente humana é essencial.

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